TROVADORISMO CANTIGAS

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CANTIGAS TROVADORISMO
A experiência mais criativa e fecunda do Trovadorismo - e, portanto, dos primórdios da literatura portuguesa - encontra-se na poesia trovadoresca. De um lirismo estranho, quando comparados, por exemplo, à poesia moderna, os poemas dos trovadores podem parecer ultrapassados àqueles que fizerem uma leitura desatenta, superficial.

A partir do século 11, e durante todo o século 12, a região da Provença, no sul da França, produziu trovadores e jograis que acabaram se espalhando por vários países da Europa. A influência da poesia provençal chega, inclusive, aos nossos dias. Esses provençais se misturariam aos jograis e menestréis galego-portugueses, dando origem às cantigas que veremos a seguir.
É também da Provença que vem o substantivo "trovador", pois lá o poeta era chamado "troubadour" (enquanto que, no norte da França, recebia o nome de "trouvère"). Nos dois casos, o radical da palavra é o mesmo, referindo-se a "trouver", ou seja, "achar". Os poetas eram aqueles que "achavam" os versos, adequando-os às melodias e formando os cantares ou cantigas.
Para fins didáticos, divide-se a lírica trovadoresca em:
1. Cantigas de amor: o trovador confessa, de maneira dolorosa, a sua angústia, nascida do amor que não encontra receptividade. O "eu lírico" desses poemas se revela, às vezes, na forma de um apelo repetitivo, no qual não há erotismo, mas amor transcendente, idealizado. Como exemplo, vejamos esta cantiga de Pero Garcia Burgalês:

Ai eu coitad! E por que vi a dona que por meu mal vi!
Ca Deus lo sabe, poila vi, nunca já mais prazer ar vi; ca de quantas donas eu vi, tam bõa dona nunca vi.

Tam comprida de todo bem, per boa fé, esto sei bem, se Nostro Senhor me dê bem dela! Que eu quero gram bem, per boa fé, nom por meu bem!
Ca pero que lh’eu quero bem, non sabe ca lhe quero bem.

Ca lho nego pola veer, pero nona posso veer!
Mais Deus, que mi a fezo veer, rogu’eu que mi a faça veer; e se mi a non fazer veer.
Sei bem que non posso veer prazer nunca

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