Trabalho
“Para alguns críticos o primeiro brasileiro aparece na figura de Moacir – filho da união da índia Iracema com o elemento colonizador, Martim. É a formação da identidade nacional simbolizada nesse encontro”, avalia Marcelo Almeida Peloggio, professor e Coordenador do Grupo de Estudos José de Alencar, na Universidade Federal do Ceará.
Autor de teses de mestrado e doutorado sobre o Alencar, Peloggio destaca a importância da compreensão da simbologia utilizada pelo autor. Mito e história se complementam na obra. “Iracema vai sendo esmaecida pelo fator histórico, que é a chegada dos portugueses e a ocupação da terra. É uma representação do que houve com a população indígena, que foi dizimada ou sofreu aculturação”, afirma o professor.
Durante a leitura, é importante que os estudantes estejam atentos a alguns pontos. Peloggio destaca a riqueza poética, a valorização da natureza, a celebração das características brasileiras, próprias do romantismo. “É importante perceber a cor local que Alencar imprime na obra ao valorizar os elementos. Pássaros, árvores, animais, a linguagem e o cenário do Ceará do século 17.”
Os estudantes também devem notar a harmonia que havia entre Iracema, sua tribo e sua terra, e como essa relação pacífica é quebrada a partir do momento em que o elemento histórico (a colonização portuguesa) avança e domina. “Quando Iracema se entrega a Martim, ela rompe os laços sagrados com a sua tribo e sai da esfera mítica para entrar na esfera da história. Alencar mostra a dura realidade do povo indígena e do combate civilizatório que se travou naquele momento.”