Texto Pessoal 'Piscina de Incertezas'

É meia noite. Estou em frente à piscina talvez em busca de um pouco de distração. O que me sufoca o peito não me deixa dormir. É um daqueles dias em que há solidão, mas a aparência é de ordem. Sua família está bem, você não brigou com quer que seja, e mesmo assim a sensação de que nada está em seu devido lugar persiste interiormente. Na verdade, acho que ando com muito peso de posterioridade nas costas, ou possivelmente seja o efeito dos drinks da tarde toda.

Porque embora nem sempre em pauta, o futuro é construído a cada escolha, não é? Mas dá pra arriscar sem ter base alguma? Como saber, alguém me diz? O vento não me responde. Ele faz barulho, toca levemente meus cabelos, o afago é aconchegante mas não há resposta. E é isso. O seu silêncio é a minha resposta. Entendo o que ele quer me dizer, porque simplesmente não dá para saber quando vamos acertar. E o mero fato de eu estar aqui fora, preferindo a gélida ventania ao invés de minha cama quente; o fato de estar indecisa, mas ao mesmo tempo não tomar caminho algum, já traz consequências. Não importa, entende? Fazemos escolhas e tentamos a sorte. Simples assim. É como se eu entrasse exatamente agora nessa piscina a minha frente. Tenho a opção de pular ou não, a escolha é minha mas só saberei se a temperatura da água me agrada quando estiver em meio a ela. Ainda não pulo.

Eles dizem ser verão mas o céu não transmite o óbvio. E minhas decisões importantes, e o tempo que tenho até tomá-las vagueiam em algum lugar aqui em cima. O pensamento cheio me permite sair da particularidade, e perceber que esses anos que chamamos de tempo não nos permitem realizar tudo o que gostaríamos. Na juventude, você diria, não há espaço para pensar no que vem depois. Mas não é bem assim, baseado no pouco tempo que vivi e como boa pessimista, sei que sempre vai faltar alguma coisa quando esse tempo acabar. Nem que seja um pequeno sonho, aquele último desejo. Mas não dá. Pelo menos para mim, não dá. É complicado demais correr atrás