Texto formação, expansão e limites do poder global - jose luis fiori
Formação, Expansão e Limites do Poder Global.
Na minha opinião, as razões pelas quais os atenienses e os peloponésios romperam sua trégua de trinta anos, concluída por eles após a captura de Eubéia, é que os atenienses estavam tornando-se muito poderosos, e isto inquietava os lacedemônios, compelindo-os a recorrer à guerra.
Tucídides, História da Guerra do Peloponeso,1987, Livro I, cap. 23.
O Paradoxo do Hiperpoder.
No início do século XXI, o poder militar e econômico dos Estados
Unidos é incontrastável. Os analistas internacionais falam cada vez mais em império e muitas vezes comparam os Estados Unidos com o Império
Romano, o que só é válido como exercício impressionista. O que é certo é que os Estados Unidos saíram da Guerra Fria na condição de uma
“hiperpotência” e, durante o século XX, muitos autores afirmaram que esta concentração de poder global, num só estado, seria a condição essencial de uma paz mundial duradoura e de uma economia internacional estável.
No início da década de 1970, Charles Kindelberger e Robert Gilpin formularam a tese fundamental da “teoria da estabilidade hegemônica”. O mundo vivia o fim do Sistema de Bretton Woods e assistia a derrota dos
Estados Unidos no Vietnã. Estes dois autores estavam preocupados com a possibilidade de que se repetisse a Grande Depressão dos anos 30, por falta de uma liderança mundial. Foi quando Kindelberger propôs a tese de que
“uma economia liberal mundial, necessita de um estabilizador e um só país estabilizador". (Kindelberger, 1973: 304). Um país que assuma a responsabilidade e forneça ao sistema mundial alguns “bens públicos” indispensáveis para o seu funcionamento, como é o caso da moeda internacional, do livre-comércio, e da coordenação das políticas econômicas nacionais. A preocupação de Kindelberger era propositiva, mas sua tese também tinha uma pretensão teórica, e se baseava na mesma leitura da história do capitalismo, feita por Robert Gilpin: “a