Sequência didática

DESENVOLVIMENTO

Antes de iniciar a aplicação do procedimento seqüência didática ao gênero textual romance, e até por uma questão de rigor científico, convém apresentarmos algumas definições deste gênero textual segundo a crítica literária mais abalizada. De acordo com Henry James (1937 apud Moisés 1976), o romance é a mais independente, a mais elástica, a mais prodigiosa das formas literárias. Roger Caillois vai além, considerando-o infenso a regras e, mesmo, exigindo um tratamento fora das Letras (1945 apud Moisés 1976). Para Moisés (1976, p.452), valendo-se de uma definição contrastante, existem algumas características que tornam o romance distinto das demais formas em prosa, notadamente o conto e a novela: a sua mobilidade não traduz indiferenciação, mas polimorfia ou convergência de inumeráveis facetas na estruturação de um organismo vivo, decorrente de o romance afigurar-se “um gênero imperialista”, que “devora tudo” (1963 apud Moisés 1976):

Todas as metamorfoses do real, todas as formas de conhecimento cabem no perímetro do romance, assim transformado numa síntese ou de superfície refletora da totalidade do mundo. Dessa conjuntura promana a sua função gnoseológica: mais conhecimento que entretenimento, o romance permite ao escritor construir um objeto ambiciosamente globalizante das multiformes experiências humanas, e ao leitor, desfrutá-lo de modo privilegiado, sem risco para a sua própria existência; o prosador conhece o mundo por meio do romance, e dá a conhecer ao leitor; não existe, nos quadrantes da criação literária, meio mais completo para se chegar a uma imagem totalizante do Universo.

Temos aqui uma definição bastante ampla do romance, mas capaz de fazer jus à importância que o gênero tem na Literatura de inúmeros povos, desde o seu surgimento, na Inglaterra do século XVIII. Mas ele possui um antecedente nobre: a epopéia. Como decorrência óbvia, a epopéia, considerada, na linha