Segregação residencial e segmentação social: o “efeito vizinhança” na reprodução da pobreza nas metrópoles brasileiras - resenha
Luiz César de Queiroz Ribeiro
Resumo: Nathalia Fonseca e Nayara Motta
Introdução
Transformações econômicas mundiais desde meados da década de 70 vêm provocando impactos sociais sobre os pobres urbanos e sobre suas relações com o restante da sociedade, de forma que inúmeros vocábulos têm sido cunhados para referir-se a tais fenômenos. Um desses impactos constitui uma reconfiguração da pobreza urbana, com duas facetas proeminentes. Uma de desvinculação da população de pobres com o desempenho macroeconômico e outra que diz respeito a transformações sócio-ocupacionais, atingindo renda, perfil demográfico e estrutura familiar. Também é evidente a partir da literatura, a relação entre pobreza e a estruturação social dos bairros decorrente de sua formação. Essa organização se manifesta nos bairros, principalmente, pela infraestrutura, maturidade de instituições locais e ativos materiais e sociais disponíveis por domicílo. Esses elementos diferenciam bairros criados em função de pólos industriais, migrantes rurais, conjuntos habitacionais fundados pelo Estado, loteamentos ilegais e áreas de invasão, etc. Cada processo de formação de bairro então se relaciona com uma organização social, que se traduz em diferentes valores, expectativas, hábitos e atitudes. Por fim, há um isolamento crescente entre os pobres e o restante da sociedade, através da formação de núcleos sócio-econômico-culturais sem grandes oportunidades de interações informais. Assim, através da condição de periferia dos países de capitalismo tardio, se fazem válidas as hipóteses da “teoria da marginalidade”. Esses núcleos se autoconfinam e se reforçam via afastamento territorial, enclaves territoriais, decrescente compartilhamento de serviços e equipamentos urbanos, monopolização da honra social das classes altas e desenvolvimento de subculturas, reduzindo oportunidades de