Resumo Saci Pererê

Resumo - Mandingas, Mistérios, Feitiços e Traquinagens: Saci-Pererê.

Como foi a construção da imagem desta figura? O que a representação do Saci-
Pererê tem a dizer sobre as mudanças histórico-culturais da sociedade brasileira em relação ao negro? Qual foi o percurso deste ser de uma perna só na Literatura? Virou um personagem exclusivo das histórias de Monteiro Lobato? É isso que este artigo aborda, e é isso que você irá descobrir.

Introdução

No ano de 1983, a Revista do Sítio do Picapau Amarelo publicou uma imagem do personagem folclórico Saci-Pererê segurando a taça da copa do mundo de futebol com os seguintes dizeres: “A Taça do Mundo é nossa!”
Dois anos depois, o Almanaque do Pererê, do cartunista brasileiro Ziraldo, lança sua propaganda na revista Mônica, na qual um sorridente saci traz a frase: “164 páginas com o mais brasileiro de todos os heróis.” A publicação da figura do saci reiterou a popularidade deste ser no folclore brasileiro, o que foi ainda mais forte com a criação de Monteiro Lobato. Se hoje essa lenda se encontra disseminada na cultura de massa por meio de revistas e adaptações televisivas na forma de uma simpática e carismática figura, na Literatura das primeiras décadas do século vinte, o Saci-Pererê incorporava o discurso das elites brasileiras em relação ao negro.

As Origens de um Herói às Avessas

Inicialmente as lendas tupis apresentam o saci sob forma de um pássaro que emite ora notas graves ora notas agudas, sempre com a intenção de confundir algum viajante ou andarilho e fazê-lo se perder na floresta. Esta visão de pássaro endemoninhado ganha alterações e transformações ao entrar em contato com elementos africanos e europeus durante a colonização portuguesa no Brasil, muito influenciado pela ideologia das elites em relação aos negros. Ele passa a ser moleque negro, de uma perna só, que faz traquinagens, usa uma carapuça vermelha e tem cheiro de enxofre.
A partir daí, ele começa a ganhar a culpa por muitos dos