Resumo do livro "o estudo do processo civilizador de norbert elias"
Norbert Elias trata especificamente da mudança nos costumes da sociedade européia que se processa entre os séculos XIII e o século XIX. O final do período estudado, já no século XIX, tem o início da sociedade burguesa, que conhecerá ao longo do século XX um novo processo de mudança nos costumes. Mas além de tratar da história desta mudança, Elias estuda o processo por meio do qual as mudanças se processam. O processo de mudança nos costumes ocorrido ao longo deste período, pode ser descrito como o avanço do processo civilizador. A sociedade européia, altamente refinada do século XIX, não chegou àquele grau de refinamento rapidamente, mas gradualmente. Alguns dos costumes do final da Idade Média seriam considerados como bárbaros pelos europeus do século XIX. Isto inclui desde o modo de se portar à mesa, o uso dos talheres, o modo como os alimentos são preparados e até o comportamento em relação às funções corporais. Analisando livros sobre "boas maneiras", dos quais se destaca "De civilitate morum puerilium" de Erasmo (1530), Elias destaca que este livro tem como objetivo "a função de cultivar sentimentos de vergonha". Erasmo fazia isso por meio de referências à onipresença dos anjos, usada para justificar o controle de impulsos aos quais a criança está acostumada. O processo civilizador, ou seja, que molda os costumes que mais tarde caracterizariam um homem como civilizado, polido, cortês, são moldados por meio do despertar da ansiedade nos jovens, a fim de adequá-los ao padrão de conduta social desejado na época. Na idade média, por exemplo, a diferença entre o comportamento dos adultos e crianças era menor que nas fases posteriores. Com o avanço da civilização, segundo Elias, é possível perceber um prolongamento da infância. O processo de controle dos impulsos é condicionado através de sua associação aos sentimentos de embaraço, medo, vergonha e culpa fazendo com que o comportamento desejável