Resumo de Carta sobre o Humanismo - Martin Heidegger

Universidade Federal do Espírito Santo – Departamento de Filosofia
Roberta Debossan

Carta sobre o humanismo (1946)
Martin Heidegger A carta é uma resposta a algumas perguntas dirigidas a Heidegger por Jean Beaufret, filósofo francês. Texto riquíssimo, como todo real texto filosófico deve ser, proporciona uma grande abrangência temática ainda assim formando uma completa unidade. Heidegger mais uma vez se atira com afinco em sua constante empreitada de desconstrução da metafísica ocidental que entificou e esqueceu a questão crucial, a questão do ser, a grande questão originária, a mais vasta e mais vazia de todas as questões, vazia justamente por ser a mais vasta, mas a questão que, nas palavras do próprio Heidegger em Ser e Tempo, “proporciona a maior agudeza de singularização do Dasein”. O filósofo contrapõe-se a instrumentalização banalizante que foi atribuída ao pensar ao longo da história do ocidente, que passou a não mais reconhecer o pensar como um fim em si mesmo. Heidegger em seu desbravar do pensamento retorna então ao pensar originário dos pensadores gregos e dos poetas (geralmente Holderlin e Rilke), os primeiros por pensaram o que havia de mais profundo e mais vasto a ser pensado e é na visão dos poetas que toda banalização do real se dissipa, pois estes, valendo-me das próprias palavras do filósofo, cultivam a “amizade com o incomum do simples”, no poetar do poeta tudo que há de supostamente banal desbanaliza-se. O pensar tem como objetivo o pensar, o agir do pensar é o próprio pensar em toda sua agudeza, a ação mais simples, porém a mais elevada por expressar a relação mais originária, a relação do homem com o ser, nas palavras do velho e oracular pensador originário Parmênides “pensar e ser são o mesmo”. A metafísica ocidental que instrumentalizou o pensar pela exacerbação da técnica que visa unicamente o ente em detrimento do ser abandonou o pensar originário ao tentar enquadrar a filosofia e o filosofar em padrões que não são