Resenhas
Desperta em nós uma esfera enorme de indagação e auto-crítica, porque além de provar novamente a automática aplicação de determinados estereótipos negativos para com minorias e segregados socialmente, constata que o fato social, denominado violência, pode ser tão cruel, se aplicado na forma de atingir nossa estrutura moral e liberdade de ir e vir, além de conviver com os semelhantes.
O que torna a obra do também roteirista de "Menina de Ouro" interessante, tal como outras produções relacionadas à questão de etnia e intolerância ("Um Dia de Fúria", "21 Gramas" e o próprio "Escritores da Liberdade"), é um roteiro atemporal, mas ao mesmo tempo muito pontual e fiel à fatos que são passíveis de acontecer dentro de um contexto de animosidade e interferência de um histórico de vida rico em problemas de âmbito familiar. Também, por haver esta interligação das personagens e fatos, "Crash" reúne dramaticidade através do elemento chamado coincidência.
Mais do que nunca, o ditado popular "tudo ao mesmo tempo agora" ocorre em cenas cabais, em clímax que são apresentados, desafiando os protagonistas a escolherem seguir sua moral, sem serem corrompidos, ou aceitarem o contexto da situação que é apresentada, por conta de uma necessidade premente.
Esta escolha de análise foi feita, tendo como finalidade mostrar uma produção, a meu ver, bem-sucedida, sem necessitar, como é moeda corrente em Hollywood, ter um final feliz e totalmente edificante à cultura americana ("o mocinho se destaca no desfecho da história"); além disso, representa mais uma porta para repensarmos soluções adequadas à uma conduta condizente e ética, pelo direcionamento de agir, e pela justiça na atribuição das competências