ResenhaCarneDoce Orion Love

resenha do disco carne doce, carne doce (2014)
Por Orion Love*

idéia
Essa pega logo pelo conceito. O acento no título (que não sei se é definitivo, mas imagino que seja proposital) e as ideias presentes na letra fazem a argamassa da música ser muito eficaz. A canção foi rolando e quando imaginei que fosse começar a sentir falta dos teclados, que foram tão marcantes no EP “Dos Namorados” (2013), me deparo com a atmosfera criada pelas guitarras e pela percussão. É como se a banda tivesse ido lá no Paêbirú, do Lula Cortês e do Zé Ramalho, buscar inspiração para o clima da música. Destaque para a linha de baixo, que mesmo entre todas as camadas de guitarra aparece bem e em alguns momentos se destaca.

sertão urbano
Segunda do disco e banda já deixou sua assinatura. A animada Sertão Urbano é “velha” conhecida do público em Goiânia. Estamos no mundo do Carne Doce, flutuando em meio a camadas de guitarras, embalados por uma bateria de banda marcial enquanto Salma reflete sobre o simulacro que é a transformação da natureza em jardim e a busca humana pelo Éden arquetípico. Direta e empolgante. passivo
Revirando a etimologia do termo ‘passivo’ há de se encontrar a conexão que esta estabelece com a palavra ‘paixão’, ambas ligadas à noção de sofrimento. O interessante aqui é o jogo que o/a passivo/a propõe ao seu interlocutor, alternando entre aquele que sofre (passivo) e aquele que executa alguma ação, no caso da letra esta ação é a provocação “você não machuca ninguém/você não humilha ninguém”. A música é hit inevitável, pega de imediato pelo pescoço desde a frase de abertura “se eu quisesse apanhar?” até o último acorde. Quem bate, porém, é Salma com vocais cristalinos e afiados em contraste com uma bateria dançante inspirada na batida funk. Já dá pra imaginar os remixes: queremos Passivo na balada, Passivo é muito gostoso/a. É importante também levar em consideração a história da canção, originalmente intitulada “Da Mulher” que, numa exibição de consciência e sintonia