resenha Spivak
ISSN 2177-2851
Número 3 – 2011/02
Subalternidade e possibilidades de agência: uma crítica pós-Colonialista
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. (2010). Pode o Subalterno Falar? Belo Horizonte:
Editora UFMG
Bruno Sciberras de Carvalho é professor adjunto de Ciência Política da Universidade
Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Núcleo de Estudos em Teoria Política
(NUTEP-IFCS)
Já foi muito comentada a dificuldade de entendimento da escrita de Gayatri C.
Spivak. A pensadora indiana, reconhecida, a princípio, pelo influente prefácio e tradução para o inglês de Da Gramatologia de Jacques Derrida, certamente não pode ser tida por uma autora de fácil acesso. Deve-se notar ainda, no contexto brasileiro, a ausência de publicações de obras de Spivak já consagradas no exterior, sobretudo no ambiente intelectual anglo-saxão, como In Other Worlds: essays in cultural politics (1987) e A Critique of Postcolonial Reason: towards a history of the vanishing present (1999). Portanto, a publicação de Pode o Subalterno Falar?, pela
Editora UFMG, é de suma importância para maior difusão e compreensão das novas abordagens da chamada reflexão pós-colonialista, que no Brasil tem se tornado reconhecida, sobretudo, por meio dos trabalhos de Edward Said e Homi Bhabha.
Como o título do trabalho indica – publicado pela primeira vez como um dos textos do livro Marxism and the Interpretation of Culture, editado por Laurence Grossberg e Cary
Nelson em 1988 –, a questão central de Gayatri Spivak refere-se ao tema da agência dos sujeitos, transposta no questionamento da possibilidade de os subalternos “falarem” ou terem autonomia. É importante perceber, a princípio, que tal questionamento problematiza suposições do pensamento pós-colonialista e dos chamados estudos subalternos, sobretudo noções de resistência e ação política expressas por autores dessas correntes. Nesse sentido, a temática particular do trabalho reflete tanto diferenças da
autora