Resenha do Capítulo Criatório de Gente (Livro : Darcy Ribeiro - O povo brasileiro)
RIBEIRO, Darcy, “O povo brasileiro”; CIA. Das Letras; São Paulo; 1995, 22ª edição (página 81 a 105)
O capítulo “Criatório de Gente” explica que o “cunhadismo”, ou seja, a integração de pessoas estranhas no meio indígena, foi o sistema preponderante para o início da escravização do índio, cuja mão de obra foi largamente utilizada no corte, transporte e contrabando de pau-brasil, aves nativas e atividades pesadas.
Os náufragos que vinham parar na costa brasileira começaram a se integrar às tribos dos índios, formando um criatório de gente, pois estes estrangeiros, ao se casarem com uma índia, aparentavam-se com toda a sua família, e esta passava a ser utilizada como mão de obra barata e fácil.
Sendo assim, a coroa portuguesa, vendo que a propagação do “cunhadismo” crescia e ameaçava seus interesses, decidiu criar donatarias, como forma de controlar o avanço de tal prática, mas muitas não deram certo.
Com os maus-tratos sofridos e provavelmente desencantados com os presentes que ganhavam dos estrangeiros, os indígenas não tiveram outra opção senão se rebelar.
Pelo que se depreende do texto, o autor, através de vasto estudo, constatou que os estrangeiros, aproveitando-se da ingenuidade dos índios, se inseriu em sua cultura e praticamente a destruiu. O índio foi então escravizado com o escopo de atender única e exclusivamente aos interesses de donatários e cunhadistas. Aqueles que não morriam com as doenças trazidas pelos estrangeiros, resistiam às condições subumanas e eram mortos. Outros fugiram para o interior.
No Brasil de hoje, existem poucas tribos indígenas, o que é com certeza um reflexo de mais de um milhão de índios mortos, conforme se vê no final do capítulo. Foi a morte não só de pessoas, mas de culturas que deixamos de conhecer ou que, se sobreviveu até os presentes dias, conhecemos muito pouco. Um desperdício de vidas e de conhecimento.