Resenha Antonio Candido direito à literatura

Antonio Candido em seu texto “Direito à literatura” discorre sobre o papel da literatura como um elemento fundamental na formação do indivíduo, de modo que ela pode ser considerada um direito humano tal como a saúde, segurança, educação, etc. Entretanto, assim como outros direitos humanos, seu acesso é limitado por diversos fatores políticos, econômicos e sociais, e essa limitação promove a desigualdade nas sociedades e no mundo, mesmo que no nosso tempo seja perfeitamente possível promover o acesso a esses direitos fundamentais.
Sua problematização começa pelo fato de que se olharmos para a história, a sociedade moderna possui desenvolvimento técnico como nunca antes se teve para promover o acesso universal à alimentação, medicamentos, e inclusive à literatura, mas isso não ocorre de fato. O que vemos é cada vez mais o enriquecimento de camadas sociais e nações que concentram recursos ao custo do empobrecimento de outras camadas sociais e nações com menos poder. Candido responsabiliza isso à irracionalidade humana, que assim como o desenvolvimento técnico, chegou a um nível máximo se comparado ao passado. Nesse ponto discordo em partes do autor, não acredito que a irracionalidade seja, por completo, um fator que contribua para isso. Pelo contrário, acredito que um aprofundamento de modelo econômico e político – o que não é nada irracional – promove conscientemente essa desigualdade. Dessa forma, considero essa irracionalidade que o autor culpabiliza como uma irracionalidade no âmbito humano, isto é, que diz respeito à uma falta sensibilidade humana para com o meio que o cerca e seus semelhantes, mas não uma irracionalidade de suas intenções.
Mas a visão do autor não é de todo pessimista, ele afirma também que embora o desenvolvimento tecnológico avançado não tenha eliminado a barbárie, em nosso tempo ela não é mais praticada sem limites. Candido mostra isso quando cita: “Para emitir uma nota positiva no fundo do horror, acho que isso é um sinal favorável, pois se