racismo e hasenbalg
O livro de Hasenbalg (1979) aparece como um marco dentro dos estudos sobre relações raciais no Brasil, primeiramente porque, assim como a escola paulista de sociologia, o autor assume o preconceito racial no Brasil, no entanto ele ultrapassa e critica as análises desta escola que colocavam na escravidão e, portanto, no negro a impossibilidade de inserção no sistema de classes. Hasenbalg mostra que as desigualdades raciais não são o produto do sistema escravocrata, mas sim produto de uma sociedade racista e discriminatória. Ou seja, Hasenbalg é o primeiro teórico dentro da tradição dos estudos raciais brasileiros ( lidos para este curso ) que aponta o racismo para além da função de estruturas e privilégios de classe.
A tese central do livro, e que é também oposta à tese da escola paulista de sociologia, é que a raça é componente importante nas estruturas sociais, ou seja, a exploração de classe e a opressão racial se articularam como mecanismos de exploração do povo negro, e este processo resulta nas desigualdades de bens materiais e simbólicos da população negra. Hasenbalg demonstra através de dados estatísticos e argumentações teóricas como os negros foram, ao longo do tempo, explorados economicamente e que esta exploração foi praticada por classes ou frações de classes dominantes brancas. Para ele, a abertura da estrutura social em direção à mobilidade está diretamente ligada à cor da pele, e, nesse âmbito, a raça constitui um critério seletivo no acesso à educação e ao trabalho. Ainda sobre mobilidades social e status o autor demonstra como, através de mecanismos racistas, negros nascidos na mesma condição social que brancos tem menores possibilidades de ascensão social, além de sofrerem uma desvantagem competitiva em todas as fases da seqüência de transmissão de status.
O autor aponta falhas tanto na teoria marxista sobre a questão racial,