Que é escrever

Que é escrever?
Hoje em dia é considerado elegante “falar de pintura”, com o músico ou vice-versa. Como se no fundo existisse apenas uma única linguagem para todas essas artes. Mas não há dúvidas de que as artes de uma mesma época se influenciaram mutuamente e são condicionadas pelos mesmos fatores sociais. È interessante lembrar que uma coisa é trabalhar com cores e sons, (dentro da música e pintura) e outra é se expressar com palavras. Notas, cores, as formas não são signos, não remetem a nada que seja exterior a si mesmo. Não pode se considerar as cores e os sons como uma linguagem, porque a ideia de que o som puro ou a cor-objeto que é transportado para a tela são objetos imaginários diferente das palavras e de uma expressão de um rosto, esses objetos não exprimem a cólera, angústia ou a alegria de quem a pintou ou produziu a nota, elas se embaralham e se obscurecem ali mesmo, a pintura, por exemplo, não significa angústia nem prova angústia, mas ela é angústia e ao mesmo tempo em que é o objeto da pintura. O pintor pode nos apresentar um casebre, e só isso, você pode ver nele oque quiser, o pintor é mudo. Já o escritor pode dirigir o leitor, ele pode descrever o casebre mostrar nele o símbolo das injustiças sociais, provocar nossa indignação. Não se pintam significados, não se transformam significados em música. A poesia está lado a lado com a pintura, a escultura, a música. Os poetas são homens que se recusam a utilizar a linguagem, eles não pretendem discernir o verdadeiro, ou dá-lo a conhecer. O poeta se afastou por completo da linguagem instrumento, escolheu de uma vez por todas a atitude poética que considera as palavras como coisas e não como signos. Pois a ambiguidade do signo implica que se possa, a sua própria vontade, atravessa-la como a uma vidraça, e visar através dele a coisa significada, ou voltar o olhar para a realidade do signo e considera-lo como objeto. O homem que fala está além das palavras, perto do objeto; o poeta está aquém. Mas se