Prova O Belo
Paulo César Teixeira
O ditado popular é definitivo nas discussões sobre a beleza: quem ama o feio, bonito lhe parece. Mesmo assim, padrões estéticos muitas vezes são impostos de forma ditatorial pela mídia, levando pessoas a regimes absurdos e comportamentos obsessivos em busca da forma ideal. Todos querem, cada vez mais, ser mais bela do que fera
Tão logo pula da cama, o modelo Diego Pretto corre para espiar o espelho. “Acordo, olho o meu rosto e digo: como eu sou bonito!” O porto-alegrense de 18 anos, olhos verdes, 1,75m de altura e 62 quilos – “Não posso passar de 65”, ele franze a testa – se define como dono de uma “beleza clássica”, sem explicar muito o conceito. O jovem narciso só não é original. Arqueólogos encontraram varetas de ocre vermelho no sul da África, provando que a preocupação com a aparência data de pelo menos 40 mil anos. As bugigangas eram avós distantes do batom, que em 1995 alcançou a marca de 1.879 tubos comercializados a cada minuto nos Estados Unidos. Aberta a tumba do faraó Tutancâmon, cientistas tropeçaram em jarros de alabastro e ônix abarrotados de hidratantes de três mil anos atrás. Em Londres, o Museu Britânico guarda relíquias como caixas de cosméticos egípcias do ano 1400 antes de Cristo, com pente de marfim, pedra-pome, recipiente para maquiagem, pomadas, sandálias de pele de gazela e almofadas encarnadas. A ciência era tão avançada no Egito que papiros médicos davam receitas para prevenir rugas e manchas. Não custa lembrar que, na Índia, no século V antes de Cristo, as mulheres tingiam as unhas com um verniz conhecido como laca e as chinesas empastelavam o rosto com paletas de tinta branca e ruge vermelho. Tal esmero em alcançar o belo – que hoje rende à indústria estética centenas de bilhões de dólares – parece valer a pena, não importa o sacrifício que implique. A recompensa é uma agradável sensação de conforto e poder. “Eu me sinto lindo e, a partir daí, as pessoas me acham belo também. Não tem