Probreza como privação de liberdade

30921 palavras 124 páginas
Segundo Amartya Sen, a pobreza deve ser entendida não apenas como uma condição de insuficiência de renda, mas como um estado de privação de liberdade, podendo refletir-se em morte precoce, baixos índices educacionais, desemprego, morbidez, exclusão social, dentre outras deficiências. Trata-se, portanto, de uma ausência de liberdade para realizar coisas que são valiosas para o viver humano. Amartya Sen apontou o caminho para explicar o paradoxo da pobreza do favelado carioca: eles não são pobres de renda, mas são pobres em liberdade! Aos olhos da sociedade ao ver um favelado não é a pobreza de renda, manifestada nos números, e sim a pobreza de qualidade de vida, refletida nas inúmeras privações de direitos e liberdades experimentadas pelos moradores de favelas, que vão desde as precárias condições de moradia até o convívio diário com a possibilidade de morte em um tiroteio. A proposta de Tatiana é sustentar que o favelado carioca, por ser privado de uma série de direitos usufruídos pelos demais habitantes da cidade, enfrenta significativas privações em sua liberdade de escolha, devendo, por esta razão, ser considerado pobre. Tatiana realizou um estudo de campo na favela do Vidigal, onde cerca de 70 moradoras foram entrevistadas sobre os mais diferentes aspectos de suas vidas, incluindo desde condições de saúde, moradia e educação até a percepção que possuem de si mesmas e da favela. As respostas do questionário serão sintetizadas em um índice de bem-estar, o qual denominou Índice de Liberdade.

Tatiana definiu pobreza como um fenômeno complexo, apresentando uma dimensão tanto econômica quanto sociológica e moral.

O bem-estar envolve um problema de valoração mais complexo do que o previsto pelo utilitarismo: a felicidade ou satisfação de desejos dependem das contingências da vida de cada pessoa ou grupo social e não conseguem refletir adequadamente o valor do bem-estar. Embora estar feliz possa representar uma

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