privilégio para o futuro
A China se firma como uma das grandes forças na corrida espacial e anuncia projetos para os próximos 50 anos
Tatiana de Mello
Nem astronautas nem cosmonautas. Os futuros conquistadores do espaço chamam-se taikonautas. Está-se falando da China, e após a bem-sucedida missão Shenzhou VII, encerrada na semana passada, o país planeja agora estar cada vez mais presente no cosmos. Os próximos passos serão o lançamento de uma estação espacial e o envio de astronaves à Lua e a Marte. Tecnologia para essa empreitada os chineses têm. Dinheiro, também. E motivação política, isso então nem se fala. A missão Shenzhou VII, por exemplo, só aconteceu nesse momento para aproveitar a onda ufanista da Olimpíada. Mais: o seu lançamento comemora os 59 anos da chegada do Partido Comunista ao poder. A China já enviara três missões tripuladas, mas essa é considerada especial: foi a primeira vez que um taikonauta realizou uma caminhada no espaço.
Os três taikonautas (designa quem vai para o espaço, assim como nos EUA há os astronautas e na Rússia, os cosmonautas) passaram dez anos se preparando para essa viagem, que durou 68 horas. O ápice da festa foi quando o coronel da Aeronáutica Zhai Zhigang vestiu o seu uniforme (made in China e ao preço de US$ 4,3 milhões), abriu as portas
da nave e deu início à sua caminhada cósmica. A missão era objetiva e apologética do governo, justamente para incutir nos chineses o orgulho das futuras missões e tirar deles o apoio incondicional, independentemente de quanto o país tenha de gastar. Zhigang foi flutuando (de ponta cabeça) para apanhar um lubrificante que estava do lado de fora do veículo espacial e, assim, enfeitiçou os olhos dos bilhões de chineses que o assistiam ao vivo pela tevê. Ele ergueu a bandeira vermelha de seu país e declarou: "Estou me sentindo bem. Cumprimento daqui o povo chinês e o povo do mundo inteiro."
2040 Esse é o ano que os chineses agendaram para conquistar o