Por uma outra Geografia Escolar
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Introdução
“Educar não é formar um profissional qualificado, é formar um ser humano qualificado. (...)
Se a escola não for um laboratório de análise crítica da sociedade, ela estará fadada a ser uma mera reprodutora do sistema”.
Frei Betto
Esta pesquisa tem como objetivo geral examinar a relação entre os pressupostos teórico-metodológicos presentes nos documentos prescritos que orientam o trabalho do professor de Geografia – os conceitos da Geografia Crítica, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e o Projeto Pedagógico (PP) das escolas - e o real da atividade de ensino-aprendizagem da Geografia no contexto da instituição escolar pesquisada.
Está inserida na Lingüística Aplicada Crítica(LA) como discutida por Pennycook (2004) e no quadro da pesquisa crítica de colaboração (PCCol) desenvolvida por Magalhães (2004). Este trabalho objetiva analisar a relação entre teoria e prática na realização da atividade de ensino-aprendizagem da Geografia, ouvindo as vozes dos participantes envolvidos na pesquisa para compreender os sentidos e significados que são atribuídos às prescrições na definição das ações pedagógicas realizadas pelos professores na sala de aula. Trata-se, portanto, de uma investigação que discute o contexto sócio-histórico-cultural em que os participantes estão imersos, como fator decisivo para as escolhas teóricas, didáticas e pedagógicas dos professores de Geografia em geral.
Essa é uma questão central uma vez que, desde o século XVIII até a última década do século XX, observa-se uma grande transformação na escola resultante do processo de industrialização e urbanização. O ensino deixou de ser um privilégio de poucos para ter como objetivo a adaptação à vida na cidade e a preparação para o trabalho. A escola passou a reproduzir o modelo fordista-taylorista, próprio do quadro teórico-metodológico positivista, valorizando, o saber tecnicista e,