Poesia

A narrativa e o conto ocupam um lugar de destaque nas escolhas de literatura de crianças e jovens. É importante reflectir sobre esta escolha uma vez que, a poesia proporciona à criança a ocasião de “brincar com a linguagem”. No entanto, esta escolha não é totalmente alheia visto que, no contexto escolar também se verificar. Os motivos que eventualmente explicam esta situação são vários, mas entre eles existe um dado fundamental: grande número dos que hoje são professores muito raramente foram despertados para a poesia. Desta forma, será fundamental repensar algumas atitudes pois, pode e deve construir-se uma experiência multidisciplinar e enriquecedora, pronta a despertar a curiosidade do saber mais, ao estabelecer múltiplas relações com o sujeito e o mundo que o rodeia.
Esse conhecimento possibilita um entendimento de uma dupla faceta do discurso poético. Por um lado, o reconhecimento de que a poesia não é nenhuma linguagem de “iniciados” . Por outro, a necessidade de se desmistificar a própria questão da produção poética.
O discurso poético
O facto de um texto surgir “em verso” não significa que se inclua automaticamente no discurso da poesia. Numa perspectiva didáctica do texto poético, mostra-se particularmente produtiva uma reflexão prévia, por parte dos professores, sobre as características da linguagem poética. Essa reflexão poderá incidir sobre algumas das questões já desenvolvidas por vários estudos teóricos, e que poderemos sintetizar nos seguintes núcleos: * A poesia como linguagem motivada: ambiguidade e pluralidade do discurso poético; * A poesia como linguagem redundante: a intensificação emocional; a repetição poética; * A poesia como linguagem de estranheza: a transformação do real.
Na poesia para crianças a dimensão fónico-rítmica assume um peso significativo, fazendo com que por vezes recaia sobre esse aspecto o essencial do poema.
A incidência que se faz nos pontos apresentados justifica-se pela importância que determinados