Oposição entre o discurso lógico e a narrativa mítica

5427 palavras 22 páginas
ISSN: 1984 -3615
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO & IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA 2010

A OPOSIÇÃO ENTRE O DISCURSO LÓGICO E A NARRATIVA MÍTICA
Aparecido Gomes Leal1

A leitura dos livros iniciais da República, de Platão, enseja uma abordagem elaborada criteriosamente a respeito da censura que Sócrates faz aos poetas, aos mitólogos e a toda arte que, segundo ele, podem educar mal os cidadãos da cidade construída em um exercício de imaginação, na companhia de seus jovens contendores durante uma conversa informal. Porém, essa mesma exposição crítica e detalhada se apresenta acompanha de muitos mitos e versos poéticos, o que provoca, como um rebote, uma percepção exatamente da importância e alcance dos mitos. Aliás, os mitos tinham sua importância calcada em longo período da tradição grega. Afinal, consta haverem sido eles, de fato, formadores da pólis grega em todas as suas manifestações e articulações históricas. Para os homens da antiguidade o conhecimento dos mitos tinha uma função existencial, não somente porque os mitos lhes ofereciam uma explicação do mundo e do seu próprio modo de existir no mundo, mas, sobretudo, era através dos mitos que eles podiam relembrar e se atualizar, repetindo e disseminando o que os deuses, os heróis e os anciãos respeitáveis haviam feito ou vislumbrado no passado mais remoto. Sócrates investe-se contra o discurso mítico, corrente à sua época, com vistas a uma nova paidéia para educar o cidadão virtuoso desta sua cidade ideal, construída em lógos. Nesta cidade que se descortina n’A República, não haveria lugar para as narrativas míticas porque induziriam à prática de ações danosas ao cidadão e a toda a cidade, pois os mitos poderiam ser utilizados para justificar ações desrespeitosas à autoridade - que os homens copiariam das práticas condenáveis dos seres divinos ou heróicos. Sócrates, contudo, evoca vários

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