Nota de aula
1. A RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
O movimento de reconceituação do Serviço Social emerge como um fenômeno tipicamente latino-americano, cuja marca é a tentativa de superação do Serviço Social tradicional e sua influência norte-americana, que se caracteriza pelo desempenho profissional assistemático, intuitivo carente de processo técnico-científico, voltado para correção das disfunções sociais.
O movimento de reconceituação preconiza a busca de uma nova fundamentação teórica que produzisse uma análise interpretativa da realidade social latino-americana, consubstanciada no reconhecimento da falência do Serviço Social tradicional, que conduzia a práticas puramente caritativas.
Havia a contestação à importação de metodologias (Serviço Social de caso) dos EUA, devido sua inadequação a realidade da América Latina, desenvolvendo uma crítica de caráter nacionalista. O pensamento social latino americano busca reconciliar-se com sua própria história, questionando as teorias exógenas e subordinando sua validação à capacidade de explicar e iluminar os caminhos particulares do desenvolvimento na América Latina em suas relações com os centros avançados.
Nesse sentido o movimento de reconceituação representa um marco decisivo no desencadeamento do processo de revisão crítica do Serviço Social no continente.
A crise do Serviço Social “tradicional” veio à tona nos anos sessenta, configurando-se como um fenômeno internacional, ainda que sob formas diversas, em praticamente todos os países onde a profissão encontrara um nível significativo de inserção e tinha algum lastro de legitimação ideal. No entanto, esse movimento não se radica somente a fatores internos a profissão, mas também a fatores exógenos.
Na América Latina, tal fenômeno emerge em meio a uma crise estrutural gestada na década de 60 (crise das políticas desenvolvimentistas), afetando os