Norbert Elias- O processo civilizador - resenha
Por Fernando R. F. de Lima O livro O processo civilizador: uma história dos costumes vol. 1, de Norbert Elias, teve sua primeira edição em 1939, na Suíça. Exilado nos EUA, depois de muitos anos o livro ganha uma edição inglesa em 1978 e apenas em 1990 a primeira edição em português. Chega ao Brasil, portanto, junto com uma nova onda na historiografiade tratar da História dos Costumes ou da vida privada. Contudo, deve-se destacar que o livro de Elias é anterior a esta espécie de moda na história, e contemporâneo de historiadores como Fernand Braudel. Este livro de Norbert Elias trata especificamente da mudança nos costumes da sociedade européia que se processa entre os séculos XIII e o século XIX. Este período, como ele destaca, desenvolve-se aquilo que ficou conhecido como sociedade de corte. O final do período estudado, já no século XIX, tem o início da sociedade burguesa, que conhecerá ao longo do século XX um novo processo de mudança nos costumes. Mas além de tratar da história desta mudança, Elias estuda o processo por meio do qual as mudanças se processam. O processo de mudança nos costumes ocorrido ao longo deste período, como diz o título do livro, pode ser descrito como o avanço do processo civilizador. A sociedade européia, altamente refinada do século XIX, não chegou àquele grau de refinamento rapidamente, mas gradualmente. Alguns dos costumes do final da Idade Média seriam considerados como bárbaros pelos europeus do século XIX. Isto inclui desde o modo de se portar à mesa, o uso dos talheres, o modo como os alimentos são preparados e até o comportamento em relação às funções corporais. Analisando livros sobre "boas maneiras", dos quais se destaca "De civilitate morum puerilium" de Erasmo (1530), Elias destaca que este livro tem como objetivo "a função de cultivar sentimentos de vergonha". Erasmo