moderno

questões práticas – o atendimento às exigências funcionais da escola e às condicionantes do sítio –, os edifícios atuam como ativadores da percepção tanto de seus usuários quanto do público externo, instituindo uma espacialidade que, do interior do conjunto, irradia sobre o entorno. Além de estender o programa do conjunto habitacional para além da mera construção de unidades residenciais, com a previsão dos serviços complementares, houve também a intenção de propiciar aos trabalhadores uma experiência de vida na qual a arte estivesse presente. O ideal da integração das artes, que animou o modernismo arquitetônico no Brasil, presente na escola do Pedregulho, não foi entendido no conjunto como mera justaposição de esculturas e murais à edificação escolar, mas como integração sociocultural: urbanismo, arquitetura, paisagismo e murais como elementos ativos na configuração do conjunto e constitutivos de um novo sentido de vida urbana. Nesse sentido, o Pedregulho é um exemplo perfeito do racionalismo “humanizado”: o todo e cada uma das partes é pensado de acordo com razões práticas e estéticas. O conjunto residencial do Pedregulho é uma obra de equipe, mas na qual sobressai a inventividade de Affonso Eduardo Reidy e a liberdade de trabalho impressa por Carmen Portinho em sua gestão no DHP. Na fortuna crítica do arquiteto costuma-se destacar as ramificações anglo-saxões e latinas de sua ascendência – pai escocês filho de irlandês e mãe brasileira filha de italianos – como origem de uma personalidade equilibrada que se estende da pessoa à obra (Gassiot-Talabot, 1962). De modo semelhante, pode-se destacar um dado de sua biografia, decorrente do fato de ter vivido mais da metade de sua vida com Carmen Portinho, uma companheira mais idosa, adepta do feminismo e à qual, por vezes, foi subordinado no trabalho. Sem terem legalizado a união junto ao Estado nem pedido a benção religiosa, tiveram uma postura independente do moralismo vigente na sociedade brasileira da época. A