Manifestações do Inconsciente - Um Cão Andaluz
Polo: Rio Claro
Curso: Licenciatura em História
Disciplina: História da Arte
Tutor: Professora Semiramis Corsi Silva
Unidade: Projeto de Prática
Entrega: 02/06/2011
Manifestações do Inconsciente - Um Cão Andaluz
Com um corte no olho o diretor Luis Buñuel fecha os olhos hipócritas da burguesia para abrir os olhos da humanidade para o seu verdadeiro eu. Na companhia do emblemático Salvador Dalí, talvez o mais importante representante do surrealismo, atuando como co-diretor, eles criaram um marco na história do cinema, transpondo paras telas a essência do manifesto surrealista de André Breton, procurando romper com toda a lógica e linearidade narrativa e trazendo a cena elementos do mundo onírico. A obra firmou-se como o ápice de uma reação contra o chamado “cinema de vanguarda”, gênero que primava pela sensibilidade do espectador e o cuidado técnico e artístico. A película “Um Cão Andaluz” sedimentou a cinematografia surrealista que começara a se desenhar na obra de Germaine Dulac, “O Caracol e o Clérigo”. O curta de Buñuel e Dalí se utiliza de imagens desconexas, soltas e pouco lógicas, numa narrativa que se estrutura na lógica dos sonhos, baseados em conceitos de psicanálise de Freud, como o subconsciente e as fantasias.
Feito para chocar e não fazer sentindo, o filme, aberto às mais diversas interpretações, não comporta nenhuma explicação plausível, exceto, talvez, através de conceitos psicanalíticos de Freud. Os conceitos psicanalíticos freudianos constituíram as bases de sustentação das propostas surrealistas constituindo, pois, os possíveis parâmetros para análise do curta. A primeira cena mostra uma mulher que tem seu olho cortado por uma navalha por um homem. O homem com a navalha é interpretado pelo próprio Buñuel. O intuito desta primeira cena é “submergir ao espectador num estado que permitisse a livre associação de idéias”, pois era necessário “produzir-lhe um choque traumático no mesmo começo do filme”,