Lupicínio Rodrigues

1. BIOGRAFIA DE LUPICÍNIO RODRIGUES

Nascido em Porto Alegre, em 16 de outubro de 1914, quarto filho de vinte e um do casal Francisco e Abigail. A infância foi pobre, mas digna. Era o primeiro homem e o mais mimado entre os irmãos. Pôde estudar, mas os pais ouviam muitas reclamações dos professores. Diziam que o pequeno Lupi (apelido que lhe acompanharia a vida toda) só queria saber de baderna, de brigar e cantarolar.
Aos doze anos, era cantor de uma banda que formou, chamada “Furiosa”. No Carnaval, a banda se transformou em cordão com o nome de Moleza, foi quando começou a compor músicas. A banda precisava de uma marchinha e aos 13 anos compôs sua primeira marcha: Carnaval1.
Carnaval
Foste criado por Deus pra brincar vais embora e não queres me levar me diz onde vais, ó meu Carnaval.
A cantar vou
Pra não chorar nem mostrar minha dor
Pois sei que vai me deixar, Carnaval tão cedo não vais voltar.
(apud Goulart, 1984, p.27)

Passou a se apresentar com um conjunto, mas nunca aprendeu um instrumento, compunha assoviando e batucando em caixas de fósforos.
Por ordem do pai, que queria garantir um bom futuro ao filho, Lupicínio ingressa no 7º Batalhão de Caçadores, como voluntário. Ele embarca para São Paulo, na Revolução Constitucionalista de 1932, não participa de nenhum combate, mas faz um samba criticando a comida da tropa. Gostava mesmo era de passar noites em rodas boêmias, de fazer marchinhas para blocos carnavalescos e de jogar futebol. (Goulart, 1984, p.28) Em 1935 após dar baixa no exército, apadrinhado, Lupicínio é empossado bedel2 na Faculdade de Direito de Porto Alegre. Aceitou o emprego, pois pensava em ter uma vida conjugal com Iná, porém este fato não ocorreu. Iná, até então sua noiva, não aceitava a vida boemia que ele levava. O compositor admite que a mágoa gerada pelo rompimento do noivado fosse sua fonte de inspiração para Nervos de Aço, um de seus grandes sucessos, e posteriormente muitos outros sambas de sua autoria.