Literatura comparada entre Albert Camus e Jean-Paul Sartre
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo apresentar de maneira sucinta e objetiva pontos de congruência e divergência nas obras de Albert Camus e Jean-Paul Sartre, analisando mais especificamente a obra O Mito de Sísifo, do primeiro autor e, por conseguinte O existencialismo é um humanismo, do segundo. Desta maneira, se pretende fazer, de maneira muitíssimo presunçosa, uma análise de literatura comparada, para identificar as relações íntimas do pensamento existencialista presentes em ambos os autores, mas que possuem nuances definidas, embora poucas vezes claras, para o leitor incauto.
Palavras-chave: Sartre, Camus, existencialismo, literatura comparada.
A mitologia grega apresenta Sísifo como um filho de Éolo, pertencente à raça de Deucalião. Após uma vida infame e de constante rebeldia contra os deuses, é condenado, após sua morte, a rolar uma pedra até o alto de uma montanha, sem cessar, de onde voltaria a cair, arrastada pelo próprio peso, infinitas vezes (GRIMAL, 1998, p. 60). Este trabalho inútil e livre de qualquer esperança é o símbolo mor do homem absurdo para Albert Camus (1913-1960), escritor argelino de expressão francesa, que trabalha este homem consciente da própria solidão e, não acreditando em nada que transcenda, aposta tudo o que tem na vivência em um mundo perecível, no qual pretende achar um significado para o fato de estar vivo.
Justamente por parecer que a vida não tem um sentido, se é que ela precisa de um, Camus traça, no primeiro capítulo, o caminho inicial de seu livro lidando com o suicídio.
Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder a questão fundamental da filosofia. O resto aparece em seguida. São jogos (CAMUS, 1942, p.7)
O suicídio como o grand finale o “único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a