Last king
Foi laureado com o Prémio Internacional Neustadt de Literatura em 1972, e o Nobel de Literatura de 1982 pelo conjunto de sua obra, que entre outros livros inclui o aclamado Cem Anos de Solidão. Foi responsável por criar o realismo mágico na literatura latino-americana. Viajou muito pela Europa e viveu até a morte no México. Era pai do cineasta Rodrigo García.
No Verão Quente de 1975, Gabriel García Márquez veio passar duas semanas a Portugal. Encontrou-se com escritores e poetas, comoveu-se com o processo revolucionário e escreveu três reportagens para a revista que ele próprio tinha fundado, um ano antes, na Colômbia. Relato de uma viagem esquecida, reconstruída a partir de Lisboa, Bogotá e Cartagena de Índias.
O postal de García Márquez chegou ao destino três semanas depois de enviado. Era uma fotografia da Ponte 25 de abril, com o Cristo Rei em fundo, e dizia apenas isto: «Lisboa é a maior aldeia do mundo. Quando chegar, conto-te desta revolução.» Juan Gossaín - um dos mais notáveis jornalistas colombianos e amigo do escritor desde os anos cinquenta - recebeu o correio na sua casa de Cartagena de Índias e não pôde deixar de sorrir. Gabriel, a quem trata carinhosamente por Gabo, tinha chegado à Colômbia muito antes da correspondência. E a viagem a Portugal já tinha sido largamente discutida numa conversa telefónica, dias antes. «Tenho pena, perdi esse postal há décadas, numa mudança de casa.» Mas, por uma questão de provocação, Gossaín nunca o esqueceu: «Desde esse tempo, sempre que nos encontramos, despeço-me de Gabo dizendo que ele ainda me deve uma conversa sobre Lisboa.»
García Márquez aterrou no aeroporto da