Internet E Os Novos Movimentos Sociais
Internet e os novos movimentos sociais
Dagmar Manieria
Castells, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Tradução de Carlos A. Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
As análises de Manuel Castells, em Redes de indignação e esperança, cuja publicação, em sua edição original, ocorreu em 2012, faz um amplo balanço sobre os novos movimentos de contestação social do início dos anos 2010. O autor percorre, ao longo de sete capítulos, as revoluções na Islândia e no Egito, bem como os movimentos sociais na Espanha e nos EUA.
Em Redes de indignação e esperança, há dois temas que perpassam por toda a obra: primeiro, que os movimentos de 2011 apresentam um conteúdo singular, comparado aos antigos movimentos de contestação social; segundo que as “redes sociais da internet” propiciam uma nova forma de mobilização, denominada por
Castells “conectividade”.
O autor apresenta uma ampla pesquisa histórica, detalhando com precisão os principais personagens envolvidos nos acontecimentos de 2011, e isso tudo com uma narração clara sobre as etapas que propiciaram tais eventos. No exemplo da
Tunísia, Mohamed Bauazizi surge como herói, vítima do regime do ditador Bem
Ali. Observe que Castells procura localizar a importância da internet como uma instância de conectividade contestatória: após a “autoimolação” de Mohamed
Bauazizi, “o primo de Mohamed, Ali, registrou o protesto e distribuiu o vídeo pela internet” (Castells, 2013, p. 24, 25).
É nesse contexto que a Islândia se transforma em uma espécie de modelo para os novos movimentos de contestação dos anos 2010. Houve uma forte crise financeira, seguida de uma luta popular por reforma política, e o autor apreende com precisão a insatisfação dos manifestantes. Desde o fim de 2008 (a crise financeira mundial), a Islândia sofre com o endividamento de seus principais bancos.
Após a “revolução islandesa”, cria-se o Conselho da Assembleia Constituinte
(CAC), composto por 25 membros, todos