Geopolítica dos conflitos na América
O clássico sistema geopolítico de relações internacionais, fundado nos preceitos de soberania interna e externa da Paz de Westphalia (1648), torna-se crescentemente aberto por porosidades transescalares de outras temáticas que vão além da guerra. Por isso, compreender a problemática do poder no espaço internacional requer compreender que existe uma ecopolítica construída por uma pluralidade de atores estatais e para-estatais de âmbito transnacional.
Neste contexto, a América do Sul é recortada por uma rede de atores que se estabelecem nos fóruns de debate ecopolítico, como palco fragmentado por visões conflitantes e opostas, cuja síntese é apreendida em um espectro entre a polarização da perspectiva desenvolvimentista e da perspectiva ambientalista composta por conservacionistas e preservacionistas.
Em primeiro lugar, se identifica que o setor privado, em especial as empresas multinacionais, tem aumentado sua organização autônoma enquanto um grande ator de peso na exploração dos recursos naturais, na construção de obras de infra-estrutura transregionais ou ainda aumentado sua representação junto a governos e organizações internacionais por meio do exercício de lobby. Em segundo lugar, as Organizações Internacionais Supra-Governamentais têm desempenhado um papel central junto aos Estados nacionais sul-americanos enquanto matrizes de catálise de uma série de negociações internacionais ou enquanto fornecedoras de serviços de assistência técnica e financeira ligadas à formação de redes infra-estruturais para exploração de recursos naturais, em especial os bancos de desenvolvimento como a CAF, FONPLATA e BID, que influenciam mais diretamente sobre a formulação das políticas nacionais e sobre a própria regionalização transnacional da IIRSA.
Em terceiro lugar, observa-se que a transnacionalização de ONGs tornou-se um fenômeno que se difundiu na América do Sul por meio da formação de comunidades epistêmicas ambientalistas e