Franskenstein
A ambição do doutor Frankenstein em dar vida à sua criação coloca o dedo na ferida do histórico debate entre ciência e religião. Afinal, o cientista não estaria, em suas atividades, ocupando o lugar de Deus? Esta popular pergunta já está, por si só, no campo da relação de confronto entre ciência e religião. Como constata historicamente, o modelo mais importante da relação entre ciência e religião é o do conflito ou, talvez, até mesmo da luta. Esse modelo fortemente antagonista, diz ele, continua a influenciar profundamente os debates populares, mesmo se amenizado entre os estudiosos. Este conflito pode ser interpretado como um problema cultural, pois o conhecimento científico seria um recurso cultural construído e desenvolvido por alguns grupos sociais com vistas a determinados interesses e objetivos. Isto explica a competição entre o clero e os cientistas profissionais na sociedade inglesa do século XIX. Para esse conflito deve ser entendido em termos das condições específicas da era vitoriana, na qual novos grupos intelectuais emergentes procuravam substituir os antigos. Na verdade, a Autora não vê conflito entre fé e conhecimento, desde que se entenda que nem a ciência tem o direito ou capacidade de se intrometer nos interesses da fé, nem a fé tem o direito ou a capacidade de interferir na ciência. Afinal, a ciência só pode entrar em conflito com a ciência, e a fé apenas com a fé. É importante ressaltar, uma ciência que permanece ciência não