Fernando pessoa e Cecilia Meireles

777 palavras 4 páginas
Fernando Pessoa
Aranha
Aranha do meu destino
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.
Análise do Poema
Poema tardio de Fernando Pessoa, datado de 10/8/1932, a "Aranha" fala de coisas muito simples, ao menos se olhe com atenção para a vida do poeta.

A aranha do meu destino / Fez teias de eu não pensar. Quer Pessoa dizer que, por nunca ter pensado no seu futuro, teias de aranha ocuparam o espaço que na maioria dos homens é ocupado pela prevenção, pelo planeamento. Pessoa nunca planeou o seu futuro, só se preocupava pelo presente e - em certa medida - pelo passado.

A referência a uma aranha é - na minha opinião - uma subtil ironia à lenda grega das tecelãs do destino. Chamavam-se Moiras (os romanos chamavam-lhes Parcas) e eram três deusas que teciam o destino dos homens.

Pessoa faz referência a estas deusas em outras obras, nomeadamente em fragmentos inéditos dos seus dramas estáticos e no Livro do Desassossego.

Pessoa diz que a aranha (as deusas) não se preocuparam em tecer o seu destino. Por duas razões: por ele em criança já "ser adulto sem o achar", ou seja, ter crescido de repente contra a sua vontade; a segunda razão Pessoa diz ser a rede ter-lhe apanhado "o querer ir", ou seja, o próprio presente (agora já passado) impediu que ele tivesse o destino - o destino ficou preso por causa do que lhe aconteceu quando era criança.

Assim ficou Pessoa, "uma vida baloiçada", como uma mosca presa numa rede, viva e só à espera da morte para desaparecer. O estar preso na rede, com a "consciência de existir", é a sua pena pelo que lhe aconteceu.

Cecília Meireles
RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos

Relacionados

  • Quem foi Fernando Pessoa, Cecília Meireles e Manuel Bandeira
    292 palavras | 2 páginas
  • modernismo
    380 palavras | 2 páginas
  • antologia poética
    11456 palavras | 46 páginas
  • COMO A LINGUAGEM LITER RIA DA MODERNIDADE
    1510 palavras | 7 páginas
  • a linguagem da modernidade
    665 palavras | 3 páginas
  • Cec Lia Meireles
    1453 palavras | 6 páginas
  • Cec lia Meireles
    1681 palavras | 7 páginas
  • trabalho de português
    1499 palavras | 6 páginas
  • Antologia Literária
    1655 palavras | 7 páginas
  • Carlos Drummond de Andrade
    1332 palavras | 6 páginas