exemplo texto argumentativo

Uma viagem não é só o ato de ir de um lugar para outro mais ou menos distante, é também a descrição do que se viu ou aconteceu durante essa jornada. Implica afastarmo-nos do quotidiano e supõe a possível descoberta do que não conhecíamos no mundo ou até em nós próprios.
Viajar nem sempre passa por uma actividade de enriquecimento, não fizessem as deslocações parte da nossa rotina. Muito dificilmente encontramos novidades no corredor que atravessamos repetidamente do quarto à cozinha, e decerto que ninguém quer ouvir a história de vida da senhora idosa com que partilha o autocarro, nem lhe dá conhecer todos os segredos da sua existência. Se perguntasse-mos a cada transeunte pelo seu passado, não fazíamos o Rossio a pé sem nos transformarmos numa biblioteca.
No entanto, não é necessário ir muito longe para nos depararmos com o extraordinário, especialmente num país com cultura e geografia tão diversificadas como o nosso. Sintra é maravilha de muitos pelos seus inigualáveis travesseiros e misticidade de atmosfera; contudo, não agrada na mesma escala àqueles que por ares de serra preferem os do Gerês ou do Douro. Há que referir também, já que estamos pelo Norte, que se existem semelhanças entre a paisagem da cidade do Porto e de Coimbra entrando na cozinha nem vestígio delas, não fossem as senhoras dos pregões as mestras das “francesinhas” fazer frente aos conimbricenses que vão mais com lampreia e pastéis de Tentúgal.
Posto isto, percebe-se que viajar não é apenas uma questão de experimentar colchões e banheiras alheios, mas sim o desafio de encontrar o sítio onde somos verdadeiramente felizes, a paisagem que os nossos olhos não cansa, a delícia que o nosso estomago não enjoa e as pessoas cujas histórias de experiencias e vivências banais nos surpreendem.