Educação e transformação social
Carlos A. Emediato
Educação e transformação social
A educação é vulgarmente considerada um importante instrumento impulsionador da transformação social. Segundo a teoria liberal, a educação foi sempre considerada uma via para a mobilidade social e a chave de progresso individual e social. Todavia, foi nos anos 60 que a educação principiou a atrair as atenções, de modo especial, dos economistas, dos políticos, dos organismos internacionais e dos movimentos revolucionários. Ocorreram certos acontecimentos que levaram a olhar mais de perto os processos e as instituições educacionais.
A formação de teorias económicas da educação constitui um indicativo deste interesse crescente pelo ensino e pelo saber. Diferentemente da teoria económica clássica, que incidia sobre o factor humano (Adam Smith,
Malthus, Ricardo e a economia política de Marx), a teoria neoclássica centrava-se nas componentes físicas da produção. O keynesianismo, segundo
M. J. Bowman 1, modificou o ponto de vista de toda uma geração de economistas que consideravam o trabalho como um factor activo da produção e que passaram a atribuir ao trabalho um papel passivo, dependente do índice de investimento de capital físico na produção. As teorias do crescimento económico elaboradas segundo princípios keynesianos recorriam quase exclusivamente à quantidade de capital físico para explicar o índice de crescimento.
Contudo, o crescimento económico da Alemanha e do Japão, no final da guerra, não podia ser devidamente explicado recorrendo apenas às variáveis do capital físico nos modelos econométricos. O incómodo «factor residual» conduziu a pesquisas orientadas para as dimensões qualitativas da produção. Nos anos 50 começaram a aumentar os estudos orientados para a avaliação da importância do trabalho na produção. Mas só no princípio dos anos 60 os economistas reconheceram a validade da economia da educação como uma área importante de