desporto
António Marques
Universidade do Porto, Faculdade de Desporto, Portugal
A vida nas sociedades modernas, em que pontifica cada vez mais o trabalho do tipo “controlo”, na sequência do progresso técnico em todos os âmbitos de produção, é caracterizada por uma cada vez maior inactividade e por uma ausência de estímulos corporais significativos. Nestas sociedades, a saúde e o bem-estar estão associados à prática regular de desporto e de actividade física (AF). Ou seja, a ausência de uma prática regular de AF está a suscitar alterações degenerativas em importantes órgãos e funções do ser humano.
O decurso da evolução humana previu um funcionamento normal e activo de todos os órgãos e sistemas do organismo. Porém, estima-se que a percentagem de trabalho muscular no balanço energético do nosso planeta decresceu no último século de 94% para 1% (Fomin, Filin, 1975). E, claro, a natureza não perdoa o desprezo pelas suas leis. Neste mundo em contínua evolução, um indivíduo não submetido a estímulos físicos é, de certa forma, um ser inadaptado. Há, pois, um anti-natural desequilíbrio que terá de ser compensado.
Nesta apresentação abordaremos alguns aspectos da relação entre a actividade física, a saúde e o bem estar em todas as idades. A situação a que atrás nos referimos não é mais um exclusivo dos indivíduos de idades mais avançadas, mas um problema que atinge de forma geral todos os sedentários. Em particular, discutiremos o significado e as implicações da prática, ou da sua ausência, em crianças e adolescentes, em adultos e em idosos.
Sempre pensámos que as crianças, em geral, não tinham problemas de saúde. Relatórios médicos mais recentes surgem a contrariar o que tínhamos por adquirido. A diminuição sistemática da AF, a alteração dos estilos de vida e os hábitos alimentares de crianças e adolescentes estão a influenciar de forma muito negativa o seu estatuto de saúde. Autópsias em idades pediátricas revelam que a obstrução