Descobridores de mundo
Chineses no Brasil? Vikings na América? Exploradores fenícios? Não é porque as novas teorias para os descobrimentos são frágeis que você deve acreditar nas lições de história que aprendeu na escola
José Francisco Botelho, com edição de Sérgio Gwercman
Estamos no outono de 2001, em uma pequena loja de antiguidades na cidade portuária de Xangai, na China. Pendurado na parede, entre outras relíquias, um velho mapa-múndi acumula poeira. Poderia continuar lá para sempre, não fosse pelos olhos atentos de Liu Gang, um dos mais respeitados advogados corporativos da China e colecionador de antiguidades nas horas vagas. Examinando o achado, Liu Gang logo nota algo estranho. O mapa está coberto de anotações em caracteres chineses e uma delas contém a data em que foi desenhado -1763. Mais abaixo, lê-se: "O cartógrafo Mo Yi Tong copiou este mapa a partir de um original de 1418".A informação é um contra-senso - pelo menos no que diz respeito à história que todos nós aprendemos nas lições escolares. Porque o mapa mostra, com riqueza de detalhes, as Américas e a Austrália. Ou seja, todo o "Novo Mundo", supostamente descoberto por exploradores europeus a partir de 1492, na aventura de conquista que ficou conhecida como Era dos Descobrimentos.
Liu Gang pagou US$ 500, uma pechincha no mercado de antiguidades chinesas, e levou o mapa para casa. Durante os 3 anos seguintes, ficou se perguntando se o documento não seria uma farsa. Até que um dia leu o livro 1421 - O Ano em Que a China Descobriu o Mundo, do ex-oficial da Marinha britânica e historiador diletante Gavin Menzies (escrita em 2002, a obra acaba de ser lançada no Brasil). Embora nunca tivesse ouvido falar do mapa de Liu Gang, Menzies defendia uma tese que lhe caía como uma luva. A partir de uma pesquisa feita ao longo de 14 anos em diversas partes domundo, o ex-marinheiro concluiu que aquilo que os historiadores ocidentais dizem há centenas de anos está errado: foram os chineses os primeiros