Césio

Em setembro de 1987, aconteceu, na cidade de Goiânia, em Goiás, um grave acidente de contaminação por radioatividade. Um aparelho de radioterapia, pertencente a um hospital que encerrou suas atividades, foi deixado no local e, posteriormente, foi encontrado por catadores de lixo, foi desmontado como sucata. Com a desmontagem e venda da cápsula de chumbo que havia dentro da máquina, criou-se um rastro de contaminação do elemento químico Césio-137, que facilmente se espalha pelo ar, contaminando os alimentos, as roupas e até mesmo sendo inalado, de maneira a contaminar o organismo internamente.
Desde a abertura da cápsula de chumbo, devido à falta de preparo das autoridades locais e mesmo do descaso em relação ao ocorrido, houve 60 mortes e, ao longo de 25 anos, já foram identificadas mais de 2000 mil vítimas da contaminação por
Césio-137 (que, no entanto, não são consideradas pela contagem oficial).
Além de todos os problemas decorrentes da contaminação, a população precisou conviver com o preconceito de parte daqueles que tomaram conhecimentos dos fatos ocorridos e, por medo de se contaminar, evitavam o contato com a população local. Isso impediu que as pessoas pudessem ser atendidas nos hospitais, frequentassem escolas e trabalhassem, tão logo seus interlocutores descobriam que eram moradoras da área de contaminação. Até hoje, vítimas e trabalhadores que fizeram a limpeza dos locais contaminados lutam na justiça pelo direito a indenizações e medicação contra as doenças decorrentes do acidente, que é um dos maiores do mundo.
No Brasil, aconteceu um caso inadmissível de contaminação num ferro velho, com uma cápsula de Césio-137 que lá foi deixada por descuido. Várias pessoas morreram e muitas contraíram doenças, ficando impossibilitadas de trabalhar.
Ninguém foi julgado como causador do desastre. É ou não é um problema de ética profissional? Os responsáveis pelo equipamento podiam deixar cápsulas de material perigoso serem jogadas num ferro