Cultura religiosa

Cultura religiosa
Prof. Dr. José Neivaldo de Souza A palavra cultura vem do latim “colere” e nos traz a idéia do cultivo. Na agricultura o conceito é utilizado para expressar o trabalho que se faz na terra com objetivo de “colher” os alimentos necessários à nossa saúde: o agricultor prepara a terra, lança a semente, cuida para que ela não pereça e, depois, colhe o produto da terra. Este termo nasce numa sociedade agrária e todas as atitudes do homem, ligadas ao conhecimento e à fé se referem à cultura. O termo se expandiu e no encontro com as religiões pagãs foi também utilizado para os ofícios sagrados. O sacerdote era o responsável, como um agricultor, no preparo da alma para que ela recebesse a semente divina: o Espírito. A partir daí, o fiel deveria estar pronto para produzir bons frutos, isto é, comportamentos e atitudes agradáveis a Deus e necessários à saúde espiritual. Assim, “culto” aponta para o mesmo sentido de cultura ao indicar que o homem é “húmus”, terra fértil, mas no entanto precisa ser preparado para a semeadura e a colheita de Deus, como está escrito no livro de Isaías 55.10-11. Na Era Cristã, a palavra cultura tem uma conotação puramente religiosa e ligada à fé. Assim, o culto é o momento em que os fiéis, à luz dos ensinamentos de Jesus Cristo, devem ser preparados para receber a Semente da Palavra ou, o spermatikos logos a fim de produzir frutos de salvação. Ao ensinar, Jesus utilizava muitas vezes figuras ligadas à agricultura: a parábola do semeador indica que somos a terra, Ele é o semeador e a semente é o Reino de Deus que cresce em nós e se espalha trazendo salvação a todos. Na Modernidade (séc XVIII), se chocou com a ciência, evolução e progresso, adotando posturas menos religiosa e mais civil, se confundindo com Civilização. França e Inglaterra deram uma nova cara ao conhecimento, esclarecendo que o culto é aquele civilizado e só através da ciência podemos dominar a natureza, construir um reino de bem-estar e prolongar a vida