Conceito obstaculo Ives Lacoste

Aspecto importante discutido na obra de Ives Lacoste é a ideia de “Espacialidade Diferencial” que seria o entendimento de que um fenômeno tem significados diferentes de acordo com a sua escala, ou seja, que existem diversas ordens de grandeza na análise espacial e que os processos ou acontecimentos diferem em sua percepção de acordo com a ordem ou nível escalar no qual o analisamos.
E o autor acredita que o desenvolvimento deste conceito, ou seja, o maior entendimento e análise detalhada dos processos criará, a nível coletivo, o que ele denominou de “Um saber pensar o espaço” isto é, independentemente do nível e escala do fenômeno haverá a familiarização de cada um (cidadão) que permitirá uma reflexão do processo.
Em outro ponto o autor faz analise da obra “Quadro da geografia da França” (1905) de La Blache, que segundo Lacoste fez-se introdução a ideia das descrições regionais aprofundadas, ou seja, La Blache mostra que as paisagens de uma “região” são resultados da superposição ao longo da história, influências humanas e os dados naturais, porém com maior destaque em tudo fruto dos fenômenos naturais. Ao dividir um país (França) em um determinado número de regiões e descrevê-las, a partir do seu clima, relevo, vegetação, etc., cada uma como um conjunto contendo outras regiões menores, criou um obstáculo que impede de aprender eficazmente as características espaciais dos diferentes fenômenos, econômicos, social e políticos, afinal tais fenômenos possuem uma configuração geográfica particular que não está atrelado á “região”,ou seja, o descrito antes como Espacialidade diferencial.
Lacoste não diz que a divisão por regiões Lablacheana está incorreta, porém diz que tal divisão criou um “conceito-obstáculo” o qual impediu a consideração de outras representações espaciais e o exame de suas relações.