Comunicação
Fernando Torres
Não há nada errado em tentar encaixar cada conteúdo midiático em uma determinada ramificação. Jornalismo é jornalismo; entretenimento é entretenimento. Simples? Nem tanto. Ao fazer isso, geralmente se esquece dos efeitos múltiplos das mensagens sobre o receptor e a dificuldade de discernir onde começa um e termina o outro.
Segundo Aristóteles, a meta principal da comunicação é a persuasão, a tentativa de levar outras pessoas a adotarem o ponto de vista de quem fala. Essa definição imperou até a última parte do século XVIII, quando os conceitos da psicologia dualista invadiram o campo da retórica.
Psicólogos pressupuseram dois objetivos para a comunicação: o informativo, que apelaria à razão, e o persuasivo, que tocaria o emocional. Haveria ainda um terceiro alvo, que mesclaria ambos os apelos, o de entreter. Noutras palavras, essa teoria prega que quando alguém passa uma informação, não está persuadindo; ao opinar, não informa.
Quem analisa tal premissa superficialmente concluirá que ela está correta. Engana-se. Ora, obviamente o produto de caráter jornalístico visa promover a informação, um programa de auditório prioriza a diversão, enquanto artigos opinativos valem-se da credibilidade de seus autores para moldar um juízo de valor. Mas todos possuem ingredientes em comum.
As novelas, por exemplo, têm a principal função de entreter. Mas daí a questionar sua capacidade de persuasão no comportamento humano demonstraria ingenuidade em demasia. O mesmo pode se dizer dos editoriais, que ao mesmo tempo opinam, informam e, muitas vezes, até divertem com as tiradas ácidas do redator.
Atualmente, nem mesmo os psicólogos defendem a teoria dualista. Teóricos da comunicação retrocederam e se aproximaram da máxima aristotélica, logicamente complementada por estudos contemporâneos.
"Limitar a idéia de informação a noticiário sugeria que o que as pessoas aprendem dos divertimentos não tem conseqüências