Comentário sobre o texto Caca de Elefante, de Mario Vargas-Llosa.
A partir dos comentários sobre o que está a ser exposto na Royal Academy of Arts, em Inglaterra, Vargas-Llosa faz, se calhar sem o saber, um resumo perfeito dos conceitos trabalhados: alienação vs autonomia, valor de uso vs valor de troca, sociedade de mercado vs economia de mercado e indústrias culturais.
Quando artista trabalha com o único fim de criar um produto para o mercado – como denuncia o autor-, com o objetivo de satisfazer as suas necessidades económicas através da venda e de satisfazer a demanda do público e da sociedade – a qual guia-se por modas transitórias- produz-se o que Karl Marx chama alienação. Este conceito vai de encontro com o que ele chama autonomia. A pessoa aliena-se quando deixa de fazer aquelo que sua vontade lhe pede para vender o seu trabalho a câmbio de uma recompensa. Perde-se a autonomia e, a alienação dos artistas é triple: externa (perdem o direito sobre as obras a câmbio de um salário), interna (desobedecem à sua vontade criativa para agradar às demandas do mercado) e enquanto ser humano (veem reduzida a sua existência física à realidade de ser simplesmente mão-de-obra produtora de bens que a indústria cultural demanda). Esta alienação dos artistas cujas obras estão na Royal Academy contrasta com a autonomia com a que, para Vargas Llosa, trabalhou Seurat nos últimos anos do século XIX.
Este tratamento que se dá às obras de arte no âmbito das indústrias culturais é criticado por os grandes teóricos da escola de Francoforte: Adorno e Horkheimer. Segundo eles, as indústrias culturais tem trazido consigo a perca do valor de uso das obras de arte, sendo apenas valoradas pelo seu valor de troca. Pensa-se primeiro no que os consumidores querem e depois produz-se a obra de