cinema moderno
Antonio Costa. Compreender o Cinema. Rio de Janeiro, Globo, 1987.
Diferentemente das anteriores, aquela que propusemos chamar de idade do cinema moderno é mais difícil de circunscrever e definir.
Não existe uma inovação tecnológica comparável à do cinema sonoro a ponto de modificar e unificar o estatuto da narração, como aconteceu entre os anos 20 e
30. Primeiro a introdução da cor e, depois, a da tela panorâmica não têm efeitos suficientes para modificar o estatuto expressivo, tendo, no máximo, o efeito de reforçá-lo, uma vez que tais inovações têm o objetivo de limitar a emergente concorrência da televisão.
São inovações menos espetaculares que lançam as bases para o desenvolvimento de novos usos e de novas configurações da linguagem cinematográfica. Dos anos 30 aos 60, tais inovações se sucedem continuamente. A introdução da película pancromática (isto é, dotada de maior sensibilidade) e das objetivas com foco curto tinha permitido melhorar as filmagens contínuas com uma potenciação de todos os elementos da cena e com um tal rendimento da profundidade de campo que permitia tomadas contínuas sem os excessivos fracionamentos da decupagem clássica.
A difusão de câmeras mais fáceis de manobrar e mais leves, com formato reduzido, e o progressivo melhoramento das técnicas de gravação direta do som favorecem a saúde dos estúdios.
Em síntese, tais inovações tecnológicas favorecem a ruptura dos esquemas tradicionais (produtivos e expressivos) e a difusão de usos do cinema que, anteriormente, tinham sido feitos só em caráter excepcional (as vanguardas históricas e certos momentos heróicos do neo-realismo).
Uma nova consciência das potencialidades e dos mecanismos de comunicação do meio, afirmada em estreita concomitância com as temáticas desenvolvidas pelas ciências humanas (psicologia, semiótica, estética, sociologia), atribui ao cinema papéis importantes não só para a definição de novos modelos de representação, mas também para o conhecimento das