Cidades repúblicas italianas
Resumo Esta pesquisa parte da observação da estrutura hierárquica da cidade florentina do período renascentista, que se traduz na participação mínima de grande parte do povo na política e da completa exclusão da plebe. Nossa concepção atual do período sustenta que esta ampla maioria da população da cidade não corresponde ao perfil que se costuma apresentar do homem da Renascença, mas apenas coexiste no mesmo tempo e no mesmo espaço daquelas que são as típicas figuras da época. O objetivo da pesquisa proposta é analisar no pensamento político da época a questão da estrutura de poder de Florença a partir da abordagem de dois eixos de construção da cidade: a história e a arquitetura. Com relação ao primeiro eixo, o temporal, entendemos que as histórias de Florença compostas pelos renascentistas correspondem a formas de construção de uma idéia da cidade. Paralelamente, o tema da concepção de cidade ideal, ou seja, uma elaboração espacial da cidade que será produto de uma concepção arquitetônica, revela uma abertura para a questão da estrutura política da cidade. Estas duas visões da cidade, a histórica e a arquitetônica, se interligam na medida em que se trata de duas formas de conceber a construção da cidade em cujo projeto está implicada a hierarquia social. É possível, portanto, a partir de textos exemplares desta historiografia e dos projetos de cidade ideal, traçar um quadro que certamente não pretende ser homogêneo, mas que pode esclarecer as concepções da cidade destes historiadores e teóricos renascentistas. O prolongamento dos estudos sobre o tema da cidade até o século XVII tem o objetivo de promover o diálogo entre os dois períodos acerca do tema estudado, o que pode ser centrado na concepção da construção da cidade como um fazer humano, pois, tanto na
historiografia como na arquitetura, a laicização