Cidadania e qualidade de vida
Cidadania deve ser compreendida como qualidade essencial da vida, uma qualificação da condição de existência humana. O homem e a mulher só são plenamente humanos se forem efetivamente cidadãos, se compartilham efetivamente dos bens que constituem os resultados de sua tríplice prática histórica, das efetivas mediações de sua existência (o trabalho, a simbolização subjetiva e as relações políticas). Não tem sentido falar de humanização, de humanismo, de liberdade, se a cidadania não estiver lastreando a vida real dos seres humanos.
Uma sociedade que qualitativamente garante a todos os seus membros a participação efetiva aos bens materiais, simbólicos e políticos, assegura a seus integrantes a condição de cidadania, dando acesso a todos a educação, saúde, habitação, alimentação e lazer. Milhares e milhares de pessoas, não tendo garantidas e supridas essas condições mínimas, estão, portanto, excluídas da cidadania. Onde prevalecem populismos, demagogias, corrupção, autoritarismo, falta cidadão. Projetos políticos governamentais que são realizados sem o conhecimento e participação desses sujeitos e até mesmo à sua revelia, sem resistência a processos autoritários, discriminatórios, breca a promoção do bem-estar majoritariamente projetado. A participação da comunidade não é ausência, eliminação, superação do fenômeno do poder, mas outra forma de poder, outra forma de intervir na realidade no sentido de um diálogo crítico com a estrutura das desigualdades sociais, e isto só pode ocorrer dentro de um processo árduo de participação, que é conquista.
Participação é um processo de conquista; ela é considerada instrumento de autopromoção ou a própria autopromoção; é o caminho para se alcançar certos objetivos. Participação é metodologia. O homem deve ser tomado como sujeito que borda a trajetória de seu próprio destino, dentro das atuais exigências, determinantes da construção do conhecimento. Os projetos