Capitães da Areia
REVISTA CIENTÍFICA A BARRIGUDA
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DA LITERATURA EM CAPITÃES DA AREIA
Ediliane Lopes Leite de Figueiredo1
RESUMO
A literatura como parte constitutiva do mundo social expressa visões coletivas de determinados grupos e põe em evidência a realidade política e social de uma época.
Apresentar o problema da representação no texto literário significa não só rejeitar, aceitar, criticar ou discutir teoricamente a existência de diferenças, preconceitos e segregação de diversas naturezas, mas também pensar a complexidade do funcionamento das relações de fronteiras entre o dentro e o fora do literário. A obra
Capitães da Areia, do romancista brasileiro, Jorge Amado, publicada em 1937, traz uma denúncia de um sistema social perverso em relação à população infanto-juvenil marginalizada, bem como o principal testemunho cultural do impacto exercido pela forte presença das crianças nas ruas. Amado traduz, através de uma elaborada crítica artístico-discursiva, o que a sociedade pensa sobre a lei, a justiça, o direito e como esta sociedade e o Estado tratam as minorias e os grupos socialmente excluídos. Este importante documento literário nos direciona a uma reflexão sobre a falta de um posicionamento mais contundente da sociedade em relação à divisão de classes e sobre a posição do Estado-lei diante da situação.
Considerando todos esses aspectos,
propomos um estudo crítico jusliterário desta obra, cujo objetivo é apontar fatores sociolegais que contribuíram e vêm contribuindo para o descaso e o desrespeito para com essa fração social excluída. Os estudos entre a conjunção interdisciplinar direito e literatura vêm conquistando cada vez mais espaço no universo acadêmico brasileiro.
Dentre as perspectivas de abordagem, destacamos, como pressuposto teórico para este trabalho, o direito na literatura que abrange pesquisas sobre a representação do
Professora da Faculdade Maurício de Nassau – Doutoranda em Literatura e