Bioetica

BIOÉTICA E ÉTICA PROFISSIONAL:
ESCLARECENDO A QUESTÃO Volnei Garrafa

Nascida no inicio dos anos 70, a bioética estabelece-se definitivamente no contexto acadêmico dos anos 80 e 90 como uma disciplina autônoma. Nesta quase três décadas de vida a partir de uma sólida base filosófica pautada, principalmente, na ética prática ou aplicada, seu estatuto epistemológico foi sendo gradativa e solidamente construído. Uma analise do processo histórico de sua consolidação nos permite afirmar. Sem receio, que suas bases teóricas já estão claramente estabelecidas e legitimadas no contexto internacional. Infelizmente, apesar desse reconhecimento acadêmico, que nos exige um rigor teórico cada dia mais severo, temor, constatado algumas manifestações equivocadas feitas em nome da bioética. O fato de ser, por um lado, uma disciplina de vanguarda e, por outro, herdeira de campos de conhecimento já tradicionais, como a ética médica, por exemplo, faz com que a bioética se tornasse para alguns, “palavra da moda”, o que estimula certas imprecisões conceituais apresentadas em seu nome. Um exemplo paradigmático desse “mau-uso” do conhecimento bioético pode ser constatado em determinados artigos, seminários ou mesmo “encontros científicos” que buscam a interface entre o direito e a bioética. Apesar da importância e do interesse, os estudos ligados ao direito estão entre aqueles que, ao invés de esclarecer o leitor, complicam-no ainda mais em vista do uso distorcido e apressado das teorias bioéticas. Felizmente, esse exemplo de “mau-uso” da bioética é, hoje, no contexto brasileiro, mais uma exceção que regra. Outro campo do conhecimento que, com alguma freqüência, incorpora o conceito de bioética dissociado do exigido preciosismo teórico da disciplina é a chamada “ética