Análise do texto ponto de croche de daltontrevisan

2110 palavras 9 páginas
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - PUC GOIÁS
DISCIPLINA: TEORIA DO TEXTO NARRATIVO
PROFESSOR DR: DIVINO JOSÉ PINTO

ANÁLISE CRÍTICA
DO CONTO “PONTO DE CROCHÊ”
Autor: Dalton Trevisan

Mestranda: Maria Aparecida Porfírio

OUTUBRO/ 2012

Ponto de crochê

...PONTO de uma laçada, meio ponto, sob o vidrilho azul do abajur, pontas de agulha que revolvem a memória, menina de tranças no espelho dourado da sala, oh! Banguela, oh! Cirandinha, meu anel era de vidro, você é mulher imprestável; por favor, mãe o grande leão de circo. De quem o retrato dessa mulher, Gabriel? Três trancinhas, meio ponto, ponto de duas laçadas, boca do filho mordendo-lhe o seio. Perdão mãe, não faço mais, o leão de boca escancarada no picadeiro; ervilhas para o almoço, quanto é a dúzia, seu Candinho? Vinte anos de casados, vamos celebrar, Gabriel? Que Anita brigou com o noivo, não? Pois brigou, Meu filho, respeite seu pai, disse Jesus, ponto, meio ponto. Meu pai é um cretino. Ora, um dia igual aos outros... Bigode de homem na água trêmula e, Jesus Maria José, se tivesse fugido como a Alzira? Desmanchar o ponto, errou. Falaria com o filho, véu preto no rosto, anéis no dedo. Arroz, feijão, carne assada, a ervilha quanto é? Mano Ismael, desquitado da mulher à-toa (sorriso desdenhoso da mulata), por onde andará o filho? Tantos cruzeiros numa xícara do guarda-louça, a última no canto, três trancinhas, meio ponto: tudo eu, Joãozinho. Verde olho daquele homem, o rol da roupa suja: onde está a abotoadura? O gato comeu, disse, rindo-se ao vê-lo em cueca xadrez. Mãe, quem é a mulher do retrato? Essa fulana levou seu pai à falência. Meu pai é um cretino. Gabriel chorando, a cabeça nas mãos. Homem fraco, ponto de duas laçadas. Uma vez, numa rua, numa tarde, uma vez, numa rua, numa tarde, um homem. Dedos alheios dirigindo a agulha, mãe, olha lá o leão. Gosta deste quimono? Não elogiou o quimono de seda, a mão sem ruído cruzando o fio, irresistível fim de

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