Análise do filme "coração valente"
Na tradição democrática romano-medieval a democracia se calcava no princípio da democracia popular, segundo o qual o povo era fonte originária do poder político, seja através de uma concepção descendente da soberania – onde o poder deriva do príncipe e se transmite do superior para o inferior –, seja da ascendente – em que o poder deriva do povo e se torna representativo (Bobbio et AL, 1998, pp. 321, apud RAMOS). Pelo fato da narrativa se passar no período medieval, desde o início o filme ressalta como a população luta em prol desse objetivo, pois vários feudos se reuniram para questionarem e lutarem contra uma situação pré-estabelecida, procurando ter a liberdade e legitimidade para escolher o representante que julgavam mais adequado e não o que estava sendo imposto pela “Coroa Inglesa”. Essa forma de agir se relaciona claramente com a concepção de soberania descendente, acima referenciada.
É oportuno salientar que, no contexto abordado pelo filme, o poder estava distribuído entre os monarcas, igreja e nobres, estando o povo relegado ao último plano. A sociedade estava organizada em feudos e ainda não existia o conceito de Estado-nação que, conforme por Bresser-Pereira, “era caracterizado por um território, soberania e nação” (2009, pág. 04).
Apesar do Estado-nação ainda não existir, o filme retrata como o povo da Escócia tinha uma definição quanto à convicção e educação políticas. Tais definições, conforme Sell, são um reflexo da maturidade para a liderança política e facilitam a compreensão de como o aprendizado e os valores políticos conduzem à luta social.
Nesse sentido, ressaltem-se algumas atitudes do líder William Wallace: fora preparado para usar a