Alterações Climáticas

Alterações Climáticas

As alterações climáticas têm ocupado uma posição relevante na política mundial desde a década de 1990 devido à natureza global do problema e às suas potenciais consequências gravosas. Embora persistam incertezas, vários especialistas, instituições governamentais e organismos internacionais têm vindo a alertar que as alterações climáticas podem contribuir para o surgimento ou aprofundamento de conflitos violentos e para o agravamento das condições de vida em vários pontos do planeta, fatores que podem originar Estados falhados, crises humanitárias, grandes massas migratórias e ameaçar a paz e segurança mundiais. Adicionalmente, a superior relevância das alterações climáticas deve-se também ao facto de estarem intimamente relacionadas com um conjunto importante de problemas nos domínios ambiental, do desenvolvimento e da segurança (saúde, energia, agricultura, desflorestação, degradação dos solos, perda de biodiversidade, disponibilidade de água potável, entre outros).

O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), criado em 1988, tem vindo a contribuir decisivamente para um melhor conhecimento científico do problema. Constatando o aquecimento da atmosfera terrestre e a diminuição das massas de gelo e neve, o IPCC adverte que estão em curso mudanças climáticas sem precedente desde há vários milhares de anos provocadas sobretudo pelas atividades humanas. No cerne do problema estão as crescentes emissões e concentrações de gases com efeito estufa (GEE), principalmente de CO2, na atmosfera. Na medida em que parte do CO2 permanece na atmosfera durante vários milhares de anos, o IPCC adverte que um certo nível de alterações climáticas irá inevitavelmente ocorrer, pelo que importa evitar alterações climáticas perigosas. Para esse efeito estabeleceu-se o objetivo de reduzir as emissões numa dimensão que evite um crescimento da temperatura média global superior a 2°C até ao fim do século face aos valores pré-industriais.